MARTA PERES
Rio de Janeiro, 23/09/1968.
Professora de dança e fisioterapia, formada respectivamente pela Escola Angel Vianna e pelo IBMR(RJ).
Aluna do mestrado em Biomecânica da Faculdade de Ciências da Saúde / UnB. Tinha dois livros inéditos de poesia nas gavetas e prateleiras.
Participou de movimentos como o CEP-2000, no Rio de Janeiro
Apresentou trabalhos artísticos e/ou acadêmicos em eventos em diversas cidades do Brasil - Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Aracaju, Curitiba, Salvador, Belo Horizonte - e exterior - Notwill/Suíça, Pequim/China, Amsterdã/Holanda, Estocolmo/Suécia, Nova Iorque, Long Island e Los Angeles/EUA, Toluca/México e Paris/França. Publica uma coluna mensal no Jornal da Dança (desde 2010).
MENEZES Y MORAIS, org. Mais uns: coletivo de poetas. Brasília: 1997. 200 p. Ex. bibl. Antonio Miranda
DEU NO QUE DEU
E não é que foi ser poeta?
porfaltadeespaçonopapelpraprosa
por falta de ordem pra encadear romance
falta de malícia pra compor convincente trama
Foisepoetaporfaltadetempopraensaiaroexato
por falta de tato pra disfarçar o óbvio
por falta de graça
tão sem jeito...
FRUTOSE
Vai ter que dar
vai ter que dar
dar
dar
vida dá
dadaísta
ego? ex-
cêntrico
altruísta
alterego místico
misto de si
e mundo
bemol
dar feito bananeira
que nem chuchu na serra
que nem mangueeeeeeiraaaaaa
dá manga pra formiga
pra vizinhança inteira
até apodrecer
pra sempre hiper-viva
consumida
nas labaredas
de sua
terrível
mortal
doçura
EXCITAÇÃO PALPITANTE
taquipnéia
“ranc” as cutículas
co´as unhas eufóricas
vontade de ser
tudoaomesmotempo
e agora
é aquela
terrível zona
em que as gavetas e prateleiras da vida
Ritmo
tão fora
de esquadro
andamento capenga
desengonçado.
gauche...
contudo
com toda porrada que endurece
sempre fiel à imensa ternura
ternura!
de ser humano em demasia
humano em demasia
em demasiiiiiiiiiiiaaaaaaaa
EXERCÍCIO DE SOLIDÃO
detantoseresprimidasurradafeitomassadepão
daqui tienha que sari alguma transformação
que afinal de contas ninguém é de ferro
e ouvi dizer que inventaram uma tal de
metalurgia
exercício de solidão
carência explícita
omundoésópressãodetodolado
cobra caro
escorre da víbora
veneno mortal
tripetomia beduína
flageloterapia extensiva
tira sangue
ranca o couro
no meio do Sahara
até que purifica
centrífuga
vira a mesa
dá a volta
por cima
da carne seca
transborda
arrogante
cristalino
chafariz
MANHÃ DE OUTONO
Como?
senão definir
ao menos tangenciar a expressão
do que é habitar uma ensolarada manhã de
outono
e a insuportável alegria de viver que ela traz à
alma
quero cantar
cada estação
e de cada uma
extrair
distraída
mente
o suco
é doce
é terno
lúcida íris
extasiadas pupilas
arreganhadas
imersas
num intermitente orgasmo...
pálpebras
*
VEJA e LEIA outros poetas do DISTRITO FEDERAL em nosso Portal:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/distrito_federal/distrito_federal.html
Página ampliada em junho de 2021
|